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Uma história de Cozimento Solar

Esse artigo é extraído do livro Heaven's Flame Chama do Céu, de Joe Radabaugh. Ele pode ser pedido aqui.

Durante a maior parte da existência humana, o cozimento de comida era desconhecido. As pessoas se alimentavam com a comida na condição em que eles a encontravam. Então os humanos descobriram que o fogo poderia ser controlado e o usaram para cozinhar comida. O fogo é essencialmente o poder do sol estocado na forma de madeira. Se olharmos por esse lado, o método solar foi o primeiro método de cozimento na terra.

Olhando o princípio do que nós chamamos de cozimento solar, nós encontramos algumas estórias isoladas no passado distante. Os Essênios, uma seita primitiva dos Judeus, aqueciam suavemente pães finos de cereais germinados em rochas aquecidas pelo sol do deserto. Isso não era cozimento no sentido atual. O objetivo não era sobreaquecer os pães, mas aquecê-los apenas até o ponto de não matar as enzimas existentes nos grãos. Isso criava uma fonte que é extremamente saudável para o corpo humano.

A primeira pessoa a construir uma caixa solar para cozinhar comida foi Horase de Saussure, um naturalista suiço. Ele cozinhou frutas em um fogão solar tipo caixa primitivo que alcançava temperaturas de 190°F (88°C). Ele foi o avô da cozinha solar.

Durante esse tempo, outros também começaram a usar fogões solares. Na Índia, um soldado britânico patenteou um fogão solar razoavelmente sofisticado que se parecia muito com o Solar Chef, que é descrito a seguir nesse livro. Em 1894, havia um restaurante na China que servia comida cozida pelo sol. Há também histórias sobre um capitão que criou um fogão solar que ele poderia usar durante as viagens.

Os fogões solares que nós vemos hoje começaram a evoluir em 1950. Nosso mundo estava ainda enrolado na insanidade da guerra. As pessoas buscavam meios de criar um futuro estável e pacífico. O caráter mundial da guerra precedente mostrou, em algumas formas pela primeira vez, que nós éramos uma comunidade mundial enfretando problemas globais que afetavam a todos.

Um desses problemas globais era o crescimento de desertos ao redor de comunidades áridas. A Organização das Nações Unidas (ONU) e outros importantes fundos iniciaram muitos estudos para projetar fogões solares que poderiam aliviar o peso sobre a planta energética. Muitos dos grandes engenheiros dos anos 50 foram destacados para estudar diferentes aspectos dos projetos de cozimento solar. Esses estudos concluíram que os fogões solares não apenas podiam cozinhar completamente e de maneira nutritiva a comida, mas que também eram fáceis de fazer e usar.

A ONU então patrocinou estudos e programas para introduzir esses fogões em culturas onde a necessidade era mais aparente. Esses esforços provaram ser em sua maioria mal-sucedidos. Em um estudo, 500 fogões solares de madeira foram doados em um campo de refugiados. Três meses mais tarde eles foram cortados e usados como lenha. Os cientistas sociais concluíram que os métodos tradicionais eram muito arraigados culturalmente e as pessoas não desejavam se adaptar.

A ONU notou um sucesso. Numa comunidade no nordeste do México carente de lenha, eles encontraram fogões solares que ainda estavam em uso cinco anos mais tarde. Isso mostrou que era possível o uso dos fogões por pessoas necessitadas.

A ONU, apesar desse sucesso, concluiu que os fogões solares não eram uma opção viável e todos os fundos para fogões solares pararam.

Muitos dos envolvidos nesses esforços concluíram que os próprios estudos eram falhos. Eles acreditvam que os projetos iniciais promovidos eram muito complicados. Também, os fogões eram muito caros para os usos pretendidos. Eles acreditavam que muito trabalho era necessário a respeito dos projetos de fogões. Um pouco deles mantiveram o potencial do fogões solares vivos e continuaram a desenvolvê-los em seus próprios quintais ensolarados.

Outros achavam que as técnicas de promoção usadas nos estudos da ONU também eram falhas. Cientistas sociais que nunca integraram o cozimento solar em suas próprias vidas estavam responsáveis pelos estudos da ONU. Os fogões eram promovidos como a solução para os problemas das pessoas pobres, mas certamente não como utensílios de cozimento que seriam úteis nos países em desenvolvimento. Isso fez com que os fogões solares fossem tidos como utensílios de segunda classe por aqueles a que se pedia para usá-los. Os cozinheiros solares semearam novos caminhos para promover os fogões solares que eram muito mais sensíveis às culturas com as quais eles estavam tentando manter contato.

Essa é a história que nós estamos escrevendo. A engenharia pesada foi abandonada em favor dos hobbistas que construíram nos seus quintais seus próprios fogões solares simples. A promoção paternalista que dizia às pessoas o que elas deviam usar é passado. Ao contrário, as pessoas estão partilhando de uma ferramenta que elas mesmo tinham prazer em usar. Esse é o grande amadurecimento que aconteceu no movimento do cozimento solar. Essa é também a razão pela qual nós estamos no vértice de um novo ciclo de crescimento. O futuro do cozimento solar está amplamente aberto.